domingo, 21 de dezembro de 2014

Cantillon

Já ouviu falar em cervejas Lambic? Talvez, cervejas de fermentação espontânea? Tá difícil? E cervejas que você tomou e achou que estavam azedas ou estragadas? Tudo muito louco né?

Então, vamos falar um pouco da cervejaria Cantillon, uma das poucas cervejarias que se manteve aberta mesmo nos período das Grandes Guerras.


Inclusive, ainda é uma cervejaria familiar, com a administração e a receita da cerveja passada de geração em geração.

A cervejaria é tão diferente do que estou acostumado, que assim que cheguei na fábrica fiquei sabendo que o tour é feito sozinho, sem ninguém acompanhando. Bom e ruim, claro. 

Ruim porque só temos uma simples explicação da fabricação da cerveja no início, por um dos herdeiros e donos. Bom porque ficamos totalmente livres para andar, tirar foto.

E, a primeira coisa bem impressionante, mas que reflete toda a forma de produção das cervejas da Cantillon, do estilo Lambic e Gueuze, é a "falta" de preocupação com os padrões de limpeza como ocorre nas grandes cervejarias.

A parte mais interessante do passeio, claro, são os aspectos da fermentação, que é considerada espontânea porque as leveduras são selvagens, ou seja, são aquelas presentes no ar. É, isso mesmo!







Tanto é verdade que o local em que a cerveja fermenta, as janelas são completamente abertas, justamente para que as leveduras selvagens façam seu trabalho. A grande maioria delas são chamadas de Bretanomicias, e além delas estão presentes algumas bactérias lácticas. Já houve registro de cervejas com 82 tipos de leveduras selvagens.   







Depois de todo o tour, ainda temos dois copos para degustar. 

O primeiro, com uma autêntica Lambic, que é refermentada em barril por um ano, no minimo.

Depois, uma Gueuze, que é refermentada mais tempo no barril. E,só na prática pra perceber de fato que Lambic não tem carbonatação alguma, já a Gueuze é bem carbonatada e com espuma.




É um baita passeio. Muito diferente, no mínimo. Cervejaria está em Bruxelas, na Rua Gueude 56, n.º 1070. São 7¢ o tour.




quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Delirium Village

Sim, farei um post específico só para a Vila da Delirium onde, entre outros bares, encontra-se o Delirium Café Pub.


O Pub fica próximo da praça central, em uma ruelinha sem saída - Impasse de la Fidélité, 4a, 1000, Brussels, Na primeira é difícil de achar, na segunda, e só seguir todos os jovens da cidade......

Desde já confesso que fui em outros bares melhores em Bruxelas (que será tratado em outro post, é que ainda não fui a todos os programados), pelo menos no quesito serviço da cerveja e de tranquilidade.

Mas, lógico, quem vai ao Delirium Café não espera tranquilidade, ao contrário, busca um bom agito e muitas pessoas. Muitas....



Fui duas vezes ao bar, uma no sábado, e outra na terça. No sábado era quase impossível andar, na terça encontrei um grupo de brasileiros, e até ficamos em mesa. Depois que eles foram embora, fui estudar um pouco mais no balcão do bar mesmo.

Bom, tirando a história de lado, vamos aos fatos interessantes,


O Delirium Café Bruxelas entrou para o Guinnes Book em 2004 por se o pub com a maior variedade de cerveja do mundo. À época, tinham mais de 2200 rótulos diferentes.


Dez anos passados, ainda mantém o título, e agora possuem uma carta de cerveja com mais de 4100 rótulos. É a biblioteca do sonhos.... Pelo menos pra mim.

O menu de cervejas é, de fato, uma enciclopédia do assunto. E, não apenas citam a cerveja, mas possuem foto, características, estilo de todos os exemplares. E o melhor, pode-se comprar o menu por 5¢!!!!! O meu já ta garantido.

O serviço, como disse acima, não é dos mais corretos. Mas, seria impossível com o volume de pedidos de cerveja, e a loucura dos 3 bares existentes, um em cada andar do Pub. Agora, todos os atendentes que tive oportunidade de falar rapidamente entendem de cerveja.

Inclusive, muitas das cervejas que bebi por lá foram indicação deles, toda vez que eu pedia "a melhor do estilo tal...." E, todas as vezes, eram boas cervejas, e do estilo que pedi.

Eles possuem por volta de 50 cervejas na pressão, ou seja, servidas como Chopp. Os preços são acessíveis, só que um pouco mais inflacionado do que nos outros bares. Típico de um lugar turístico.

O Pub está aberto todos os dias, das 10 manha, até as 4 da madruga!

Bacana que em frente ao Delirium Café está o Pub Floris, que também é um bar temático de uma marca de cerveja. Voces ja devem ter visto, é aquela que tem uma fada como símbolo. E porque da fada?? Por que o bar é muito conhecido por vender o melhor absinto da Bélgica!!

Eu não experimentei, mas que eu vi muita gente saindo do Delirium Café já trançando as pernas, e entrando no Floris para um "tira gosto", eu vi....




Pessoal, os posts estão meio lentos, por que quase não paro no albergue. E, em algumas das vezes que paro, acontece de eu ter estudado muito..... então, fica difícil, sabe como é né.......





sábado, 13 de dezembro de 2014

Fullers - UK

A primeira parada da estrada da cerveja foi na Fullers, em Londres!

Hospedei-me no Hostel White Ferry Victoria, próximo da estação Victoria. Em 20 minutos de metro, descendo na estação Turnham Green, mais 5 minutos a pé, chega-se à cervejaria.


O tour inicia-se no bar ao lado de fora da cervejaria. Custa 10£. Vale cada centavo.

A visitação dura em torno de 1:10h e, como diz a guia Sue, muito simpática e atenciosa, "é so para os fortes, já que iremos subir 287 degraus". E, no final da contas, é a mais pura verdade.

A fábrica é gigante, seja na horizontal, seja na vertical. São mais de 5 andares.

No início, Sue nos explicou sobre a história da cervejaria, que ainda é a única fábrica familiar existente em Londres. Além disso, nos ensina sobre a importância dos 4 ingredientes fundamentais da cerveja: a água, o lupulo, o malte e a levedura.

Depois da breve explicação, Sue nos leva para a fábrica com os equipamentos antigos, São mosturadores e fermentadores feitos de barro e de cobre. E, ainda estão na ativa, mas apenas para alguns dos tipos da cerveja da Fullers.


A Fullers utiliza sete tipos diferentes de maltes em suas cervejas, uma delas, inclusive, a London Porter, é blendada com todos eles. Os lúpulos são mais de 18 variedades, e nem todos ingleses, já que alguns dos exemplares da cervejaria são feitos com lúpulos americanos, com seus aromas cítricos.

O tour continua com os equipamentos novos da fábrica. Todos de aço inox. Gigantes caldeiras, fermentadores e a mais avançada tecnologia para aperfeiçoamento sensorial dos rótulos da cervejaria. Inclusive na sala de pesquisas não pude entrar, nem ao menos tirar uma foto.

Nem toda a produção da cervejaria ocorre em Londres. Sue nos disse que a capacidade de produção diária em Londres é de 9000 litros por hora.

Tive uma aula sobre envase, daquelas mais detalhadas possíveis. Segundo nossa guia, as cervejas podem ser envasadas em garrafa, ou armazenadas em barris Kags, ou barris Casks. Por conta do tempo de validade maior, a grande maioria dos rótulos são envasados em barris Kags.

 

Como disse nossa guia, vegetarianos só podem tomar cerveja de garrafa ou em Kags, já que ambas passam por filtração em filtradores microbiológicos. As cervejas em Caks não são filtradas, sendo muito mais frescas e destacáveis sensorialmente. Pude conferir a diferença entre elas.

O tour é finalizado em um mini bar da Fullers, com 7 rótulos para degustação,: Oliver Island e Jack Frost, ambas sazonais, e Chiswick, London Pride HSB, EBS e Honney Due,


Mas, não é uma simples degustação. Ali você pode ficar o tempo que quiser, e beber o quanto quiser de cada um do rótulos, com direito a boas histórias e curiosidades contadas pela guia.

Ficou claro a diferença sensorial existente entre a cerveja "fresca", na Inglaterra, e a cerveja exportada no Brasil. Há de fato uma grande perda das qualidades da cerveja, em especial em seu aroma.

Claro, fui o último a sair do tour. Inclusive, tirei uma foto com a Sue, que é apaixonada pelo Brasil, e torcedora fanática do Totteham!

Antes de ir embora, passei no shop da Fullers e comprei uma English India Pale Ale, chamada Bengal Lancer, que não é facilmente encontrada no Brasil, e um exemplar daqueles para tomar agradecendo aos deuses da cerveja, uma Vintage Ale do ano de 2006, uma Barley Wine, bem alcoólica e licorosa.

Lógico rolou um copo da Fullers também....

Ainda nao provei!! Estou carregando na mochila feito um bebe!

Tour imperdível. Uma aula sobre cerveja, sobre fabricação, e sobre história.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Enigma resolvido!!

Sei que muitos ainda estão se perguntando o por que de "A resposta é cerveja". Na verdade, há 6 ou 7 meses eu teria me feito a mesma pergunta. Pra valer mesmo, nesse tempo atrás nada disso era para acontecer.


Mas, hoje, eu tenho várias perguntas para essa resposta. Saca só.


Qual foi a primeira bebida fermentada da história da humanidade? Cerveja. Sim, a cerveja, lá na Suméria, por volta de 6000 A.C. Eu, particularmente, ainda acho que foi a maior invenção do homem... Enólogos vão discordar.

Essa é para polemizar. Qual foi a bebida que salvou a existência do homem no mundo, na época da Peste Negra da Europa? Cerveja é claro!! Na época a única água que passava por alguma fervura era aquela utilizada para a fabricação da cerveja. Ou seja, a água era tratada e quem bebia não se contaminava. E ainda dava boas risadas...

Essa é fácil. Qual a bebida alcoólica mais consumida do mundo? Já sabe né? O país que mais consome cerveja "per capita" é a Republica Tcheca. Hoje, estima-se que o Brasil seja o 3º maior produtor de cerveja do mundo, em vias de ser o 2º. O maior produtor de cerveja é o EUA.

Futebol na tv? Churrasco com os amigos? Confraternização da empresa? Happy Hour? Praia? O que é unânime pra todas essas ocasiões? Não sei você, mas só de pensar na resposta já fico com sede.....

Posso continuar, mas acho que já deu pra entender.

E, para mim, nesses 6 ou 7 meses a cerveja se tornou uma grande resposta para muitas das minhas dúvidas e inquietudes. Arrisquei, e arrisquei certo. Me preparei, estudei, aprendi, bebi, e estou prestes a me tornar um sommelier de cerveja, certificado pelo ótimo Instituto da Cerveja. Só falta a nota final. Me arrisco a dizer que passei.

Confesso que estudei muito! E foi um estudo bem difícil, com várias visitas a empórios, reuniões de estudos, bares. Cansativo. E, um homem precisa descansar. E, veja lá, quando ia descansar, já estava estudando - leia-se bebendo - outra vez.



Nesse meio tempo, apareceu a oportunidade para embarcar em um novo mochilão, meu 4º roteiro, dessa vez sozinho, e focado em visitação de cervejarias e bares no berço da produção cervejeira do mundo, a Bélgica! Lógico, não sou de ferro, vou pra Alemanha, Holanda e Inglaterra.

E, acreditem, eu estou indo estudar!!! Agora, pensem, o que poderia me fazer colocar novamente uma mochila nas costas (pra quem me conhece sabe), enfrentar novos desafios, estudar, adquirir conhecimento e experiência?? "A resposta é cerveja"

Bom, e já que é para fazer, vamos fazer direito. Nesse blog, num primeiro momento, pretendo passar minha experiência da viagem, com modos de produção de cada cervejaria, com organização dos bares, serviço, degustação dos mais variados estilos de cerveja. Além de dicas da própria viagem, pela veia do mochileiro existente em mim!


Depois, a ideia é continuar compartilhando um pouco do conhecimento que vou adquirindo, dando dicas de harmonização de pratos, de utilização de copos, novidade do mundo cervejeiro, e por ai vai.

Além disso, teremos um canal do youtube, aonde alguns vídeos da viagem, com entrevistas, dicas, enrascadas e, claro, cerveja!

Pode ainda ver rápidas novidades em nossa página do facebook.

Ou acompanhar as fotos em nossa página no Instagram: @arespostaecerveja

Nesse primeiro post preciso agradecer todo o conhecimento que me foi dado no Instituto da Cerveja, como já falei acima. Além disso, todo agradecimento àqueles que me deram ainda mais gás para embarcar nessa aventura, em especial para meus pais, minha vó, e minha querida Mari Ors, que mesmo do outro lado do mundo continua sendo minha grande companheira!

Pra terminar, agradecimento ao meu brother-estagiário-escravo-sócio Gabriel Hernandes.

Ainda, agradecimentos ao blog Água Benta Lupulada que deu uma baita força na montagem do roteiro. Deem uma olhada lá também, já estão na estrada da cerveja há um bom tempo!

Enfim, espero que gostem, que acompanhem algum de nossos canais, senão todos, porque será feito com muito carinho e esforço.

Um esforço tremendo, na Europa, tomando cerveja......